por Raul Milliet Filho
Mais de 30 bilhões de dólares jogam lenha na fogueira no conflito bélico Rússia e Ucrânia.
Nunca deveremos esquecer o papel de Moro nos Estados Unidos articulando para viabilizar os 580 dias de cadeia de Lula e seu impedimento em disputar as eleições de 2018, abrindo caminho para a ascensão do fascismo no Brasil, com a vitória de Jair Messias Bolsonaro.
Este papel dos Estados Unidos nunca deverá ser esquecido na luta pela democracia no Brasil.
Agradecimento especial: a pesquisa e sugestão desta matéria foi do Carlos Monte, prezado parceiro aqui do Deixa Falar.
O Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos apresentou uma extensa lista de intervenções militares norte-americanas ocorridas em diversas partes do mundo, de 1789 até o século XXI.
As iniciativas bélicas expansionistas levadas a cabo por nacionais norte-americanos podem ser agrupadas da seguinte forma: a conquista de áreas indígenas no caminho para o Oeste, a anexação de territórios conquistados em lutas contra o México, a obtenção de domínio efetivo sobre espaços considerados ameaçadores por estarem próximos ao território americano, ora países independentes, ora colônias de outras potências estrangeiras, principalmente na região caribenha, e até mesmo a insólita razão de servirem à defesa de interesses econômicos e vidas de cidadãos americanos ao redor do mundo.
De todas as centenas de intervenções militares mostradas no Relatório, somente onze delas foram apoiadas em Declarações de Guerra aprovadas pelo Congresso dos Estados Unidos da América.
Na extensa lista incluem-se intervenções no Havaí em 1889, em Cuba inicialmente em decorrência da Guerra contra a Espanha, entre 1898 e 1902, e as mais diversas ações realizadas na América do Sul até os dias de hoje.
Após os evidentes fracassos nas guerras empreendidas no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão, que contribuíram para a ocorrência de milhares de mortes de soldados norte-americanos, o que abalou parte significativa da opinião pública americana, a aplicação da chamada “guerra híbrida” tem se acentuado desde o final do século XX até os dias de hoje, com destaque para a crescente cooptação de cidadãos dos países subjugados aos interesses americanos para que apoiem a adoção do livre comércio e da economia de mercado como orientação dominante de sua política econômica e estimulando o suposto combate à corrupção no interior dos partidos políticos e das grandes empresas nacionais destes países.
O relatório não menciona intervenções realizadas pela grande nação imperialista nos seguintes países e anos assinalados:
- o suicídio de Getúlio Vargas no Brasil, em 1954, por pressão ostensiva de Carlos Lacerda e outros membros da UDN, prepostos dos EUA. O ponto principal desta pressão foi a criação da Petrobras e de outras ações nacionalistas de Vargas;
- em 1961, ocorreu uma tentativa frustrada de invadir o sul de Cuba, empreendida por um grupo paramilitar de cubanos anticastristas, treinado e dirigido pela CIA, com apoio das Forças Armadas dos Estados Unidos. O objetivo da operação era derrubar o governo socialista de Fidel Castro. Esta invasão ficou conhecida em Cuba como La Batalla de Girón. O plano foi lançado três meses depois de John Kennedy ter assumido a presidência. A arriscada ação terminou em fracasso, com a rendição dos invasores em três dias;
- sobre o golpe civil-militar que derrubou Jango em 1964, é importante frisar que os mesmos prepostos norte-americanos que tramaram a deposição de Vargas conspiraram contra João Goulart, primeiramente tentando impedir sua posse após a renúncia de Jânio Quadros, e posteriormente atuando de forma sorrateira em vários aparelhos privados de hegemonia da sociedade brasileira;
- em 1973, a derrubada de Salvador Allende, no Chile, foi escancaradamente apoiada financeira e militarmente pelos Estados Unidos. Salvador Allende resistiu até o fim ao cerco do Palácio de La Moneda;
- o impeachment de Dilma Roussef e várias das ações da Lava Jato, conforme demonstrou o premiado jornalista Glenn Greenwald, tiveram a franca interferência norte-americana;
- a derrubada de Evo Morales e as sucessivas campanhas para depor o regime bolivariano da Venezuela, desde Hugo Chávez até o apoio ao autoproclamado presidente Juan Guaidó, compõem um pano de fundo pela tentativa de apoderamento da segunda maior reserva de petróleo do mundo.
Clique no link e veja o passo a passo das mais de 350 de intervenções dos EUA no mundo.
Raul Milliet Filho é Historiador, criador e editor responsável deste blog, mestre em História Política pela UERJ, doutor em História Social pela USP. Como professor, pesquisador e autor prioriza a cultura popular. Gestor de políticas sociais, idealizou e coordenou o Recriança, projeto de democratização esportiva para crianças e jovens. Autor de “Vida que segue: João Saldanha e as copas de 1966 e 1970” e do artigo “Eric Hobsbawm e o futebol”, dentre outros. Dirigiu os documentários: “Quem não faz, leva: as máximas e expressões do futebol brasileiro” e “A mulher no esporte brasileiro”.
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